Os contribuintes pagam uma conta impressionante, de 15,3 mil milhões de libras a 10 anos, para financiar o alojamento de requerentes de asilo, mais do triplo da previsão original do Ministério do Interior, de acordo com um novo relatório condenatório do Gabinete Nacional de Auditoria (NAO).

Os contratos, adjudicados em 2019 à ‘Clearsprings Ready Homes, Serco e Mears Group’, tinham inicialmente um custo previsto de 4,5 mil milhões de libras, mas aumentaram drasticamente na sequência do aumento das travessias em pequenas embarcações. O custo diário do alojamento dos requerentes de asilo é agora, em média, superior a 4,1 milhões de libras, com uma previsão de despesas para 2024-25 de 1,67 mil milhões de libras — mais de 3000 libras por minuto.

Os hotéis representam a maior parte da factura, com 1,3 mil milhões de libras esterlinas gastos anualmente em alojamento temporário, o que levou o NAO a observar que podem ser mais lucrativos para os prestadores do que o alojamento tradicional. A ‘Clearsprings’ deverá ganhar 7,3 mil milhões de libras esterlinas ao longo do contrato de 10 anos, a ‘Serco’ 5,5 mil milhões e a ‘Mears’ 2,5 mil milhões.

Apesar dos lucros elevados — com um total combinado de 383 milhões de libras entre as empresas e margens médias de 7% —, o Ministério do Interior impôs apenas 4 milhões de libras em multas por desempenho insatisfatório desde 2019. Atualmente, cerca de 110 mil requerentes de asilo estão alojados em instalações do Ministério do Interior, incluindo 38 mil em hotéis e milhares mais em locais com cozinha ou em locais de grande escala, como a RAF Wethersfield e Napier Barracks.

A Comissão de Assuntos Internos da Câmara dos Comuns irá questionar os principais contratantes na próxima semana sobre os custos crescentes e os padrões de serviço. A presidente da comissão, Dame Karen Bradley, disse que irão investigar «por que razão os custos aumentaram tão drasticamente» e questionar os prestadores de serviços sobre o incumprimento das metas de desempenho.

O relatório surge num momento em que o Partido Trabalhista enfrenta um número recorde de pedidos de asilo — mais de 108 000 no ano passado — e o Ministério do Interior se prepara para revelar controlos de vistos mais rigorosos para reduzir o uso indevido do asilo. Estas propostas surgem na sequência de revelações de que milhares de pessoas utilizaram vistos de trabalho, estudo ou de visitante como «porta de entrada» para solicitar o estatuto de refugiado.

Os críticos, incluindo o professor Jonathan Portes, argumentam que as restrições propostas podem ter pouco efeito no número total de pedidos de asilo. Ainda assim, o governo está a trabalhar com a Agência Nacional contra o Crime em novas ferramentas para identificar requerentes de visto de alto risco.