Reino Unido: PARA ALÉM DE AJUDAR NO SEXO, VIAGRA PODE REDUZIR O RISCO DE ALZHEIMER – segundo estudo científico

Investigações recentes revelaram uma potencial ligação entre os medicamentos para a disfunção erétil, incluindo o Viagra, e uma redução do risco de doença de Alzheimer. Num estudo observacional de mais de 260.000 homens com disfunção erétil, aqueles a quem foram prescritos inibidores da PDE5, como o Sildenafil (Viagra), tinham 18% menos probabilidades de desenvolver Alzheimer do que aqueles que não usavam os medicamentos. A redução do risco foi ainda maior – 44% – nos homens que receberam 21 a 50 prescrições.

Embora promissores, os resultados não estabelecem uma relação de causa e efeito. De acordo com a Dra. Ruth Brauer, da University College London, é necessária mais investigação, incluindo ensaios clínicos que envolvam homens e mulheres, para confirmar se estes medicamentos oferecem benefícios neuroprotectores ou se existem outros factores em jogo.

Os inibidores da PDE5 actuam melhorando o fluxo sanguíneo, o que, segundo os estudos, pode também melhorar a circulação cerebral e proteger contra a doença de Alzheimer. Os fármacos aumentam o GMPc, um composto que se crê contribuir para a saúde das células cerebrais. No entanto, existem explicações alternativas, como a possibilidade de os indivíduos física e sexualmente activos – geralmente com menor risco de Alzheimer – terem maior probabilidade de utilizar estes medicamentos.

O Viagra, inicialmente desenvolvido para a angina de peito, foi reorientado depois de se ter tornado evidente o seu efeito secundário inesperado na disfunção erétil, transformando-o num medicamento multibilionário. A sua potencial reorientação para a prevenção da doença de Alzheimer poderia ser um fator de mudança, especialmente tendo em conta a elevada prevalência global da demência, que afecta 55 milhões de pessoas.

As conclusões do estudo alinham-se com outras pesquisas, mas também destacam contradições. Por exemplo, um estudo da Cleveland Clinic de 2021 relatou um risco 69% menor de Alzheimer entre os utilizadores de Viagra, enquanto um estudo de Harvard não encontrou qualquer efeito protetor em doentes com hipertensão pulmonar. Esta discrepância sublinha a necessidade de ensaios rigorosos.

Os especialistas estão cautelosamente optimistas quanto à reorientação dos medicamentos existentes para a prevenção da demência. O Dr. Ivan Koychev, da Universidade de Oxford, considerou a estratégia promissora, mas referiu os desafios na realização de ensaios cegos e controlados por placebo devido aos efeitos óbvios dos medicamentos. A Dra. Leah Mursaleen, da Alzheimer’s Research UK, sublinhou que a utilização de medicamentos já licenciados poderia acelerar o progresso no tratamento da demência.

No entanto, nem todos estão convencidos. O Dr. Madhav Thambisetty, do Instituto Nacional do Envelhecimento dos EUA, questionou se o sildenafil, utilizado esporadicamente para a disfunção erétil, poderia manter concentrações cerebrais suficientes para ter impacto numa doença crónica como a doença de Alzheimer. Também alertou para variáveis não medidas, como a qualidade do sono e o controlo da diabetes, que podem distorcer os resultados.

As descobertas convidam a uma maior investigação, mas deixam questões críticas sem resposta, particularmente no que diz respeito à eficácia a longo prazo e à aplicabilidade mais alargada dos inibidores da PDE5 na prevenção da doença de Alzheimer.

8ª GALA
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