Reino Unido: PESCADORES DESILUDIDOS COM O BREXIT
Em 2019, uma frota de barcos partiu de um porto de pesca da Cornualha em campanha a favor do Brexit e da “retoma do controlo” das águas britânicas. Quatro anos depois do acordo ter sido ratificado, os pescadores de Devon e da Cornualha sentem-se desiludidos e dizem ter perdido a confiança nos políticos antes das eleições gerais.
Há um pequeno frenesim (gaivotas) nos céus enquanto um arrastão descarrega as suas capturas no cais de Newlyn. Mas é justo dizer que o mesmo não acontece com os pescadores quando questionados sobre as eleições.
“Acho que não importa em quem voto – estão todos a mentir”, disse o pescador Dave Toy. Diz não ter sido para isso que votou e, por conseguinte, não viu qualquer interesse em votar nas eleições gerais.
Os pescadores citaram a introdução de um formulário de captura obrigatório para registar as capturas antes de serem desembarcadas, os novos sistemas de monitorização das embarcações, as inspeções e a exigência de atestados médicos, que foi posteriormente eliminada para os pescadores existentes.
O anterior governo afirmou que as medidas melhorariam a segurança e a gestão das unidades populacionais de peixes. No entanto, o pescador Graham Nicholas diz que a vida pós-Brexit tem sido difícil. Acrescenta estar zangado com os conservadores, mas não acredita que, nem os Trabalhistas ou nenhum dos principais partidos possa dar a ajuda necessária para a indústria.
“Os conservadores costuraram-nos [mas] não creio que os trabalhistas tivessem feito melhor por nós”, afirmou. “Não tenho ppaciência para os dois principais partidos.”
Graham Nicholas considera que o sector foi “esmagado” pelos conservadores
O exportador de peixe, Ian Perkes, em Brixham, Devon, afirma que votou a favor do Brexit, mas não foi informado das mudanças que isso implicaria. O seu negócio foi afetado pelos custos adicionais decorrentes da burocracia necessária para exportar peixe para a UE.
A propósito das promessas da campanha pelo Brexit, diz que “é óbvio que agora percebemos que eles não tinham a mínima ideia. Estou a dar a Boris Johnson o benefício da dúvida – assumo que ele não estava ciente de todos estes custos, de todas as complicações, que não melhoraram. Na verdade, pioraram porque os custos aumentaram.”
Os conservadores prometeram que iriam reproduzir o Fundo de Frutos do Mar do Reino Unido, no valor de 100 milhões de libras, para investir na modernização de portos e mercados de peixe.
Os conservadores afirmaram ainda que garantiram quotas no valor de 970 milhões de libras para o Reino Unido e que procurariam “oportunidades adicionais” nas negociações de 2026.
Por sua vez os trabalhistas afirmaram que irão assinar acordos veterinários para reduzir a necessidade de documentação para exportação e que vão ajudar a reconstruir o comércio.
Só que, entretanto, os pescadores afirmaram que nada evita o aumento da burocracia pós-Brexit
Depois, durante a campanha eleitoral, houve as promessas dos Liberais, do ReformUK e dos Verdes, mas para Perkes, são tudo promessas vazias.
“Não me dei ao trabalho de votar este ano, simplesmente não me dei ao trabalho!”, afirmou.
Este é um sector, entre muitos outros que se queixam do Brexit, que, segundo estudos das maiores Universidade, fez perder cerca de 30% do comércio com a EU. Tudo por um único problema, o aumento da burocracia e os custos relacionados com a sua introdução e execução.