Reino Unido: O REGRESSO E CONTROL DE NIGEL FARAGE DA DIREITA POPULISTA DEIXA OS CONSERVADORES EM ‘MAUS LENÇÓIS’ NUM ELEITORADO COM 48% DE INDECISOS
O regresso do ‘homem do Brexit’, Nigel Farage, à política, colocou o partido populista de direita britânico ReformUK quase a par e passo com os conservadores em dificuldades, antes das eleições de 4 de Julho.
Já se esperava que o partido conservador do primeiro-ministro Rishi Sunak perdesse estas eleições, a considerar todas as sondagens mais recentes, para o Partido Trabalhista, pondo fim a 14 conturbados anos no poder.
Mas, de acordo com a última sondagem do YouGov, o partido ReformUK está agora a apenas 2 pontos atrás dos conservadores, o que poderá roubar os votos críticos que ainda lhe restavam. Esse regresso de Nigel Farage deu mais fôlego ao partido populista de direita Reform UK, com a última sondagem a mostrar que este se aproxima dos conservadores no poder antes das próximas eleições gerais.
Os trabalhistas deverão obter 40% dos votos, contra 19% dos conservadores e 17% do ReformUK, segundo a mesma sondagem.
Já era esperado que, o partido conservador do primeiro-ministro Rishi Sunak, viesse a perder amplamente as eleições do próximo mês para o Partido Trabalhista da oposição, encerrando os seus longos e tumultuosos 14 anos no poder.
O regresso surpreendente de Farage como líder dos reformistas, na segunda-feira, foi um golpe mortal para o partido conservador, ameaçando roubar uma parte significativa dos votos à direita.
A mudança de última hora deixaria os conservadores com ainda menos assentos do que o esperado na Câmara dos Comuns e provavelmente traria um acerto de contas dentro do já diminuído partido. Alguns analistas ainda sugeriram que o partido se deslocaria ainda mais para a direita – com a potencial entrada de Nigel Farage nos conservadores.
Farage, por seu lado, não excluiu a hipótese de vir a aderir a um Partido Conservador “redefinido e realinhado”. Partido Conservador, dizendo no ano passado “nunca digas nunca”.
O eurocético Farage – que liderou a campanha Leave no referendo de 2016 sobre a UE no Reino Unido – disse que vai concorrer a um lugar parlamentar em Clacton-on-Sea, uma cidade costeira no leste de Inglaterra, que registou um enorme apoio ao Brexit. Uma sondagem anterior do YouGov apontava para a vitória dos conservadores nesse assento.
É a oitava vez que o político se torna uma personalidade mediática e se candidata a deputado, depois de nunca o ter conseguido anteriormente.
Uma outra sondagem da Ipsos, divulgada na quinta-feira, mostra que a ReformUK deverá ganhar apenas 9% dos votos, contra 43% dos trabalhistas e 23% dos conservadores. A sondagem incluiu opiniões recolhidas até terça-feira, um dia depois da notícia do regresso de Farage.
Pouco mais de metade dos eleitores (53%) que participaram na sondagem afirmaram ter decidido definitivamente o seu sentido de voto no dia 4 de julho, com outros a referirem que ainda podem mudar de ideias.
Farage tem um machado para esmagar os conservadores. Nas eleições de 2019, seu então Partido Brexit concordou em não apresentar candidatos em centenas de assentos para garantir a vitória dos conservadores. Desde então, ele acusou o partido de falhar com a política de direita, dizendo na segunda-feira que era hora da “revolta”.
“O que estou realmente a pedir – ou o que tenciono liderar – é uma revolta política”, disse numa conferência de imprensa de emergência em Londres.
O anúncio prejudica os esforços anteriores de Sunak para ganhar votos da direita, endurecendo a posição dos Tories sobre a migração e a adesão do Reino Unido à Convenção Europeia dos Direitos do Homem. Os recentes anúncios sobre a reintrodução do serviço nacional obrigatório, as garantias fiscais para os pensionistas e as novas definições de género foram também vistos como uma tentativa de atrair os potenciais eleitores reformistas.
Mas como indicam as sondagens, 48% dos votantes ainda não decidiram onde votar e, no final, pode trazer algumas surpresas: a vitória curta dos Trabalhistas; o voto dos Conservadores e Reformuk juntos seja superior aos trabalhistas; ou mesmo a surpreendente vitória dos Conservadores ou ReformUK. Estamos a falar que 4 a 5 eleitores em 10 ainda não se decidiram.
Depois, o país continua dividido entre os eurocéticos e os pros-EU e não se sabe qual desses grupos os 48% de indecisos representam. Ora isso pode mudar tudo!