SÓCRATICES
Já vai longa a série José Sócrates, com demasiados episódios que parecem nunca mais ter fim à vista.
O ex-primeiro-ministro e também ex-líder do Partido Socialista (PS) tem já um longo currículo…e não pára. A Operação Marquês começou em 2013, tendo sido vários os episódios na vida do ex-socialista.
Acusado de corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, José Sócrates conseguiu, ao longo dos anos, reunir vários amigos e personalidades (28 no total) para engendrar um plano complexo e quase infalível. Os mais conhecidos:
- Ricardo Salgado: ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES)
- Joaquim Barroca: ex-administrador do Grupo LENA (atualmente Grupo NOV)
- Zeinal Bava: ex-presidente executivo da Portugal Telecom (PT) e que “perdeu” 900 milhões e não se lembra onde é que os meteu
- Henrique Granadeiro: ex-gestor da Portugal Telecom (PT)
- Armando Vara: antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos
São vários os milhões de José Sócrates em contas offshore, quantias elevadíssimas com origem ilícita, mas que, claro está, o ex-primeiro-ministro nega serem deles. Quando questionado sobre dinheiros vindos de amigos como Carlos Santos Silva, José Sócrates argumenta com “meros empréstimos vindos de amigos”.
E não ficamos por aqui, pois o nome de Ricardo Salgado, antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES), também vem à baila.
José Sócrates, então primeiro-ministro, terá favorecido Ricardo Salgado com o objetivo de atingir os interesses do universo empresarial português.
O antigo primeiro-ministro não ficou por aqui pelos seus serviços amistosos prestados a quem oferecesse mais. O Grupo LENA, um grupo multinacional com dimensão ibérica focado em atividades da Indústria e Construção (atualmente Grupo NOV), entregou vários milhões a José Sócrates para que este tivesse uma intervenção como responsável político em diversos negócios:
- Construção de casas pré-fabricadas na Venezuela
- Concessões rodoviárias
- Projeto do TGV (Train à Grande Vitesse ou High Speed Train)
- Obras do Parque Escolar
- Compra do resort em Vale do Lobo
E a lista continua…
Depois de todas estas temporadas de aventura, José Sócrates continua a ter os seus amigos bem colocados para lhe apararem as quedas.
O último episódio é aquele relacionado com José Luís Lopes da Mota, por exemplo, que será o juiz que decidirá o episódio da recusa de juízes apresentado pela defesa de José Sócrates.
Mas quem é, afinal, José Luís Lopes da Mota?
Lopes da Mota começou cedo e durante a década de 90, foi não só secretário de Estado da Justiça entre 1996 e 1999, mas também colega de José Sócrates, num Governo de António Guterres, entre 1995 e 1999.
Antes de ser Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal, cargo que ocupa atualmente, José Luís Lopes da Mota era procurador do Ministério Público e enquanto desempenhava esse cargo, foi suspenso durante um período de 30 dias por ter pressionado dois colegas procuradores a arquivarem o processo Freeport (que por acaso envolvia o ex-primeiro-ministro José Sócrates).
Mais recentemente, Lopes da Mota foi nomeado por Francisca Van Dunem, como seu adjunto, enquanto ministra da Justiça.
Temos muitas perguntas, mas poucas respostas para casos demasiado óbvios, com a justiça portuguesa em passo de caracol e com os lesados a verem navios.
Uma vida de luxo ao longo dos anos financiada pela clara corrupção que, sejamos sinceros, jamais será resolvida, não só pela dificuldade em perceber a origem do dinheiro devido às sociedades em offshores, criação de contratos fictícios, utilização de intermediários, lentidão da justiça portuguesa e da falta de coragem para que os processos sejam resolvidos. No fundo, o interesse é para que a justiça não faça justiça.