O Governo britânico está a preparar planos para combater a possibilidade de ser atingido por uma segunda vaga de coronavírus e, simultaneamente, por um Brexit sem acordo, disseram fontes do gabinete do primeiro-ministro, publicados hoje no jornal The Sun.

A notícia baseada em documentos sonegados do governo, alertam sobre uma potencial crise de assistência social, devido à falência de concelhias, e ao recrutamento do exército para prevenir a desordem pública.

Esta revelação pressiona cada vez mais os ministros a negociarem um acordo com Bruxelas, para evitar um duplo golpe em Dezembro, quando se prevê que o país poderá ser atingido por um segundo aumento das transmissões do Covid-19.

O arquivo classificado, mas visto pelo The Sun, parece estar na forma de slides de PowerPoint e é intitulado ‘Conjunto preliminar de hipóteses para um planeamento do pior cenário possível, para apoiar a organização de contingências civis para o final do período de transição’.

Foi criado pelo Gabinete de Crise para Transição da União Europeia, do gabinete do Governo, devido às preocupações de que o Governo não estava a fazer o suficiente para conseguir que um acordo fosse assinado antes do final do Período de Transição, na véspera do próximo Ano Novo.

Segue-se à publicação de documentos também eventualmente sonegados, sobre a Operação ‘Yellowhammer’ em Agosto do ano passado, um plano de contingência civil para o caso de um Brexit sem acordo.

O negociador-chefe da UE, Michel Barnier, expressou a preocupação esta semana, ao afirmar que um acordo comercial a tempo do prazo de transição “parece improvável”.

As implicações de uma saída sem acordo na economia podem ser a longo prazo e agravadas consideravelmente quando combinadas com um vírus no inverno.

As previsões reveladas neste documento oficial a que a imprensa teve acesso, o Governo prevê uma potencial desordem pública, causada pela escassez de alimentos e aumento de preços.

As tropas podem ter de ser chamadas às ruas do Reino Unido para ajudar a polícia na pior das hipóteses – 1.500 já estão em espera.

O problema com os alimentos deverá piorar se o porto de Dover e o túnel do canal forem bloqueados devido ao aumento dos controles na fronteira, com aproximadamente 8.500 camiões em fila na autoestrada para Kent, com 30 por cento dos nossos alimentos importados da UE, bem como medicamentos, produtos químicos para purificação de água potável e abastecimento de combustível.

No documento a que o jornal The Sun teve acesso, também alerta que a Marinha possa ser necessária para impedir o confronto de pescadores britânicos com as incursões ilegais de barcos de pesca europeus.

O ‘pior cenário possível’ também sugere que doenças de animais podem atingir o interior do país, devido à escassez de medicamentos e as ilhas do Canal podem precisar de lançamentos aéreos militares para evitar a falta de alimentos.

Como resultado, as medidas de distanciamento social e máscaras terão que continuar até 2021.

Downing Street está a pressionar fortemente para chegar a um acordo comercial com a UE, mas, ao mesmo tempo, está a preparar-se para o caso de uma saída “desalinhada” após o período de transição com a UE no final de Dezembro.

Com as negociações comerciais prestes a entrar em colapso, existe o risco de um fracasso total – com o levantar de barreiras aduaneiras e comerciais durante a noite em 1 de Janeiro.

O Gabinete do Governo respondeu ao conhecimento publico deste documento delineando uma série de planos de contingência que já haviam sido implementados.

Acredita-se que o Governo tenha disponibilizado mais £3 biliões para o NHS e £600 milhões extras para assistência social, embora não esteja claro se isso irá para as câmaras ou será organizado na capital.

A capacidade de teste da Covid-19 será estendida para 300.000 por dia e biliões de artigos de equipamento pessoal de protecção (EPI) entregues a assistentes sociais e de saúde.

Outros £775 milhões serão gastos na edificação das novas fronteiras, infraestruturas alfandegárias e novas regras de fronteira a implementar ao longo de seis meses para tentar evitar atrasos.

O ministro do Governo, Michael Gove, disse ao The Sun: ‘Fizemos muito pelo Brexit em Janeiro. E estamos a trabalhar a todo o vapor para garantir que o Reino Unido esteja pronto para as mudanças e as grandes oportunidades no final do ano, com a recuperação da nossa independência política e económica, pela primeira vez, em quase 50 anos.

‘Parte deste trabalho inclui planeamento de contingência de rotina para vários cenários que não acreditamos que venham a acontecer, mas devemos estar prontos para o tudo o que venha a acontecer.’