Brexit: Sectores da manufacturação do Reino Unido “em risco de extinção”, diz Confederação da Indústria Britânica

Paul Drechsler, presidente cessante da CBI (Confederação da Indústria Britânica), é de opinião que se o Governo não garantir medidas de imediato, criar-se-á um “comércio de fricções”. Acrescentou que, por exemplo, a indústria automóvel, que emprega 800 mil trabalhadores, é em particular muito vulnerável, por causa do método de produção “just in time” em que trabalham.

“Se não tivermos uma união aduaneira, há sectores da produção industrial no Reino Unido que correm o risco de extinção”, disse Paul Drechsler. “Não tenham dúvidas, essa é a realidade!”, disse ele ao programa Today, da BBC Radio 4.

Segundo o presidente cessante da CBI, a incerteza sobre o acordo final do Brexit, que só deve ser entregue neste outono, está a protelar a entrada de potenciais investidores que, entretanto, estão indo para outros mercados.

“Nós já sabemos que dezenas de milhões, na verdade centenas de milhões, foram investidos por empresas farmacêuticas e financeiras do Reino Unido, para criar um cenário de continuidade após o Brexit. Dezenas de milhões… o que poderíamos ter feito com esse dinheiro!”, continuou Paul Drechsler.

Segundo ele, o Governo não deu, até agora, soluções claras aos investidores.

“Nós temos vindo a assistir a negociações, por parte do Governo do Reino Unido, que duram mais de 3 anos. Não temos indicações claras sobre a direção que vamos seguir no futuro, para onde estamos indo, qual será o futuro relacionamento com a Europa, este nível de detalhe é o que faz decidir o investimento “, disse ele à BBC.

Sobre o assunto, o ministério para a Saída da UE disse que o governo está “focado em negociar um Brexit que funcione para todo o Reino Unido” e já publicou 14 documentos detalhados sobre planos setoriais. Promete apresentar a lei sobre o Brexit em breve, que explicará, em mais detalhe, toda a política da saída da União Europeia.

As observações de Drechsler acontecem horas depois da diretora-geral da CBI, Carolyn Fairburn, ter alertado que os líderes empresariais devem falar e dizer aos parlamentares locais sobre as perdas de emprego, que resultariam da saída da Grã-Bretanha sem um acordo alfandegário.

O director geral da John Lewis Partnership, numa outra conferencia de negócios do Finantial Times, disse que deixar a união aduaneira causaria o caos.

“Embora seja tentador se agachar e esperar que isso se resolva, a necessidade de garantir um bom Brexit – que ofereça a maior segurança económica possível – é vital para simplesmente enterrarmos as nossas cabeças e esperar”, afirmou o empresário.

Por fim, Drechsler diz também que, o crescimento económico que os eurocépticos esperam que saiam dos acordos comerciais com a UE e outros países, não é apoiado por evidências.

“Não há evidências de que acordos comerciais independentes proporcionem qualquer benefício económico para o Reino Unido. É um mito!”, termina o presidente cessante da CBI.

Drechsler, que deve deixar o CBI na próxima semana, vai assumir um novo papel representando vários negócios na capital londrina, que inclui 200 dos principais empregadores, incluindo a Starbucks, o Lloyds Bank e o Canary Wharf Group.

Arrabia Guest Houses

Comments

be the first to comment on this article

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Go to TOP
Translate »