Comunidades: PRESENÇA NA 8ª GALA AS NOTÍCIAS/RTV LUSA E O ENSINO DE PORTUGUÊS FORAM AS PRIORIDADES DA VISITA DO SECRETÁRIO DE ESTADO DAS COMUNIDADES AO REINO UNIDO
Na visita a Londres, no passado fim-de-semana, o secretário de Estado, José Cesário, esteve presente na Gala de prémios organizada pelo jornal As Notícias e rádio RTV Lusa para distinguir individualidades e instituições de destaque na comunidade portuguesa.
A presença, disse, foi “um sinal de incentivo” e de apreciação pelo “esforço que é feito” por estes meios de comunicação social da diáspora.
“É cada vez mais difícil. Quando morre um órgão de comunicação social, para nós é um desgosto enorme. Tem acontecido com vários na Europa e fora da Europa e tudo o que pudermos fazer é importante”, enfatizou.
Entretanto, tinha já focado a sua visita no ensino da língua portuguesa no Reino Unido, que deve ser redistribuído para abranger mais comunidades fora de Londres, admitiu o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, após se reunir com representantes do Reino Unido.
“Temos de fazer algo mais para conseguirmos o ensino da língua portuguesa junto da comunidade em geral. Temos aqui alguma desigualdade na distribuição dos nossos professores, são horários muito antigos sobretudo aqui na área da grande Londres e em Jersey, e portanto precisamos de dar passos para ir mais longe”, afirmou à agência Lusa.
No entanto, vincou ter consciência de que esta tarefa vai ser “muito difícil” e que precisa de mais algum tempo porque a radiografia aqui no Reino Unido tem de ser feita com mais atenção”.
“Importa olhar para os resultados que temos em cada local e perceber se eles estão a corresponder, de facto, àquilo que era expectável”, explicou, e é preciso avaliar a disponibilidade de professores noutras áreas geográficas.
Segundo o secretário de Estado, o Instituto Camões tem-se defrontado com dificuldades no recrutamento em alguns locais para os quais foram abertos concursos.
“Não é fácil, mas nós sabemos o caminho que queremos percorrer e vamos percorrê-lo. As mudanças vão ser lentas nesta área, mais lentas do que noutras áreas”, avisou.
Cesário falava na sexta-feira em Londres, onde se reuniu com Conselheiros das Comunidades Portuguesas no Reino Unido, visitou as instalações do Centro Comunitário português e assistiu à 8.ª Gala do jornal As Notícias e RTV Lusa.
O ensino do português foi um dos assuntos abordados pelos eleitos, que manifestaram ao secretário de Estado preocupação com a falta de oferta para satisfazer a procura.
“Existe uma vontade no Reino Unido para a aprendizagem da língua portuguesa, a realidade é díspar em relação a outros países da diáspora portuguesa no contexto europeu”, afirmou o conselheiro João Pedro Cruz.
No entanto, manifestou o receio de existirem aulas subaproveitadas e mau aproveitamento de recursos, pedindo “formas de incentivo para que consigamos que o português não perca a sua presença nas nossas comunidades”.
“Estamos a perder falantes de português, que são os nossos filhos, os nossos netos”, lamentou o conselheiro António Cunha, enquanto Duarte Fernandes, residente na ilha de Jersey, urgiu maior colaboração entre o Instituto Camões com as autoridades de ensino locais.
De acordo com o Instituto Camões, no atual ano letivo estão inscritos cerca de 6.000 alunos e colocados 45 professores de língua portuguesa em 60 escolas e 15 universidades no Reino Unido, país com uma comunidade estimada de 400 mil portugueses.
Uma análise realizada em 2024 por Álvaro de Miranda e Paulo Costa, dirigentes dos movimentos Migrantes Unidos e Também Somos Portugueses, concluiu que 35 escolas das escolas com professores do Instituto Camões estavam situadas no sudeste de Inglaterra, a maioria das quais em Londres.
O mesmo estudo salientava a falta de professores em Manchester, Great Yarmouth e Thetford, no norte e este de Inglaterra, onde vivem e trabalham dezenas de milhares de portugueses.