Reino Unido: TURISTAS VÃO TER DE PAGAR “TAXA HOTELEIRA” PARA AJUDAR O GOVERNO A ESTABILIZAR AS FINANÇAS PÚBLICAS
Os funcionários do Tesouro estão a estudar a possibilidade de criar um “imposto turístico” semelhante ao modelo francês, em que as taxas variam entre menos de £1 por noite nos parques de campismo e mais de £12 nos hotéis de luxo. A ministra das Finanças, Rachel Reeves, enfrenta pressões para fazer face ao aumento dos custos dos empréstimos e arrisca-se a infringir as regras orçamentais sem impostos adicionais ou proceder a cortes nas despesas.
O imposto proposto, que afecta tanto os hóspedes britânicos como os estrangeiros, poderá gerar receitas substanciais. Por exemplo, uma taxa nocturna de 1,25 libras esterlinas, como a proposta no País de Gales, poderia gerar 560 milhões de libras esterlinas por ano em Inglaterra, ao passo que a adoção do modelo francês poderia exceder mil milhões de libras esterlinas. Cidades como Edimburgo planeiam introduzir um imposto de 5% sobre o alojamento noturno até 2026, com o objetivo de gerar 50 milhões de libras por ano para melhorar as infraestruturas.
A ideia suscitou críticas dos líderes do sector. Rocco Forte, um proeminente hoteleiro, advertiu que uma taxa turística adicional prejudicaria o sector do turismo do Reino Unido, que contribui anualmente com mais de 250 mil milhões de libras para o PIB e sustenta 3,5 milhões de empregos. O empresário salientou que o sector já enfrenta desafios decorrentes do aumento do seguro nacional, do aumento das taxas sobre as viagens aéreas e da eliminação das compras isentas de impostos para os turistas estrangeiros.
“Um novo imposto dissuadiria os visitantes preocupados com os custos, reduzindo as suas despesas de alojamento e de toda a economia em geral”, afirmou Forte. O Comissário sublinhou que, nos países com taxas turísticas, os fundos são normalmente reservados para projectos relacionados com o turismo, ao contrário do Reino Unido, onde as receitas podem colmatar lacunas nas finanças públicas.
A proposta surge na sequência de uma semana turbulenta para a economia. Os custos dos empréstimos do Governo atingiram o seu nível mais elevado desde 2008 e a libra desceu abaixo dos 1,22 dólares, o que poderá impulsionar o turismo interno, tornando o Reino Unido mais barato para os visitantes estrangeiros. No entanto, a eliminação separada dos reembolsos do IVA para os turistas irritou os retalhistas, complicando ainda mais a recuperação do sector.
Um porta-voz do Tesouro recusou-se a comentar a especulação fiscal, reiterando o empenhamento do Governo na disciplina fiscal. Espera-se que a ministra aborde estas questões na declaração da primavera e na próxima revisão das despesas, com o objetivo de equilibrar as regras orçamentais, apoiando simultaneamente o crescimento económico.