Mundo: FANTASMA DA ISIS LEVANTA MUITAS RESERVAS À LIBERTAÇÃO DA SÍRIA 

A guerra civil síria teve um desfecho dramático quando as forças rebeldes tomaram a capital, Damasco, marcando o fim do regime de 14 anos do Presidente Bashar al-Assad e da dinastia de cinco décadas da família Assad. A sua fuga para a Rússia para evitar ser capturado pelos rebeldes assinalou o colapso de um regime marcado por anos de opressão e um conflito civil brutal que devastou a nação.

Em Damasco, os civis saudaram os insurrectos, que também libertaram milhares de prisioneiros de notórios centros de detenção, em cenas de celebração. Os refugiados regressaram à Síria, ansiosos por reconstruir as suas vidas. No entanto, o fim do regime de Assad representa um momento crucial: uma oportunidade para a paz e a reconstrução ou o risco de novos conflitos entre facções concorrentes.

UM PAÍS FORMADO POR VÁRIAS FACÇÕES REBELDES

A ofensiva foi liderada pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), um grupo islamista sunita originário da Al-Qaeda, mas que atualmente se posiciona como um movimento nacionalista. O líder do HTS, Abu Mohammed al-Golani, comprometeu-se a criar uma Síria tolerante e inclusiva, embora se mantenha o ceticismo quanto à capacidade do grupo para defender os direitos das minorias e trabalhar em colaboração com outras facções.

Outro ator importante é o Exército Nacional Sírio (SNA), uma organização que agrupa as milícias apoiadas pela Turquia. Apesar da sua cooperação durante a ofensiva, as profundas divisões entre os grupos rebeldes poderão conduzir a futuras lutas pelo poder.

OS CURDOS

Para a população curda da Síria, o colapso do regime traz oportunidades e desafios. As Forças Democráticas da Síria (SDF), uma milícia liderada pelos curdos e apoiada pelos EUA, desempenharam um papel fundamental na derrota do ISIS, mas enfrentam agora a pressão de grupos apoiados pela Turquia que estão a invadir os territórios curdos. Os líderes curdos esperam manter a sua autonomia, mas prontos para o que vier contra novas agressões que poderão existir na corrida ao poder. Os curdos controlam, com alguma independência, uma boa parte da Síria.

O PAPEL DA TURQUIA

A Turquia, um dos principais apoiantes do SNA, desempenhou um papel decisivo na queda de Assad. O Presidente Recep Tayyip Erdogan sublinhou a necessidade de um governo inclusivo na Síria, mas reafirmou a oposição da Turquia à autonomia curda. A influência de Ancara na região continua a ser forte e o seu envolvimento irá provavelmente moldar a futura governação da Síria.

A DERROTA DA RÚSSIA

A queda de Assad é um golpe significativo para a Rússia, que tinha apoiado o regime através de apoio militar. Com os seus recursos limitados devido à guerra na Ucrânia, Moscovo não conseguiu impedir a destituição de Assad. O futuro das bases militares e da influência da Rússia na Síria está agora em risco.

O colapso do regime enfraquece o Irão, aliado de longa data de Assad, que investiu fortemente no apoio às suas forças. Com o Hezbollah e outros representantes iranianos a sofrerem reveses, a influência de Teerão na região está a diminuir. Entretanto, Israel mantém-se vigilante, concentrando-se na segurança das suas fronteiras e no combate a potenciais ameaças de facções islâmicas.

OS EUA FACE À NOVA AMEAÇA DO ISIS

Os EUA saudaram o afastamento de Assad, mas continuam cautelosos quanto aos riscos de instabilidade. As prioridades de Washington incluem a prevenção de um ressurgimento do ISIS e o apoio aos aliados curdos. No entanto, persistem preocupações quanto a uma possível retirada das forças americanas, o que poderia deixar os grupos curdos vulneráveis e encorajar os extremistas.

À medida que a Síria transita para uma era pós-Assad, o caminho a seguir é incerto. Embora exista a possibilidade de paz e reconstrução, os riscos de um novo conflito e de interferência externa são grandes. O futuro da Síria dependerá da capacidade de colaboração das suas facções e do empenhamento da comunidade internacional em apoiar a estabilidade e o desenvolvimento.

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