Mundo/Ucrânia: BIDEN PRECIPITA O ALARGAMENTO DA GUERRA NA UCRÂNIA EM CONFRONTAÇÃO INEXPLICÁVEL CONTRA A VITÓRIA E ESTRATÉGIA DE TRUMP
Começou a guerra total entre a Ucrânia e aliados contra a Rússia. A necessidade de Biden retaliar contra a vitória de Trump, precipitar o alargamento do conflito e impor a sua visão contra a paz prometida pelos republicanos, permitiu aos ucranianos utilizarem mísseis americanos contra o regime de Moscovo. Mesmo contra uma maioria confortável que deu a vitória a Trump nas eleições presidenciais e quando o seu mandato já não devia ter valor acrescentado.
Assim, a Ucrânia efectuou, na madrugada de hoje, um ataque significativo em território russo utilizando mísseis de longo alcance fornecidos pelos EUA, marcando o primeiro ataque deste tipo desde que a administração Biden autorizou Kiev a utilizar estas armas. O ataque teve como alvo um depósito de munições em Karachev, situado a cerca de 75 milhas da fronteira ucraniana na região russa de Bryansk, no milésimo dia da guerra em curso. Esta ação é vista como uma escalada importante no conflito, potencialmente testando as “linhas vermelhas” da Rússia relativamente ao apoio militar ocidental à Ucrânia.
O ataque com mísseis ATACMS e o seu impacto
O ataque terá envolvido o míssil ATACMS (Army Tactical Missile System) fabricado nos EUA, que tem um alcance de até 190 milhas. Embora Kiev não tenha confirmado oficialmente a utilização do míssil, oficiais militares ucranianos indicaram anonimamente aos meios de comunicação social que o ataque foi efetivamente realizado com o ATACMS. Em resposta, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou ter intercetado cinco mísseis, enquanto um sexto míssil atingiu o alvo. Este ataque insere-se na estratégia da Ucrânia de alargar o seu alcance militar, na sequência dos repetidos apelos de Zelensky aos seus aliados ocidentais para que autorizem ataques mais profundos no interior da Rússia.
Ameaças nucleares e escalada das tensões
Pouco depois do ataque, o Kremlin emitiu avisos severos. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reiterou que a Rússia se reserva o direito de utilizar armas nucleares se for atacada com armas convencionais no seu território, especialmente se esses ataques envolverem munições fornecidas pelo Ocidente. Esta declaração surge na sequência da aprovação pelo Presidente Vladimir Putin de uma doutrina nuclear revista. A política actualizada permite que a Rússia utilize armas nucleares se o território russo ou bielorrusso for ameaçado por uma nação não nuclear com o apoio de uma potência nuclear, alargando assim os potenciais factores de desencadeamento de uma resposta nuclear. A doutrina inclui agora ataques convencionais com mísseis e drones como potenciais factores de desencadeamento.
Apoio ocidental e desafio da Ucrânia
Apesar dos avisos de Moscovo, a Ucrânia mantém-se firme. O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Kiev emitiu uma declaração afirmando que a Ucrânia nunca sucumbirá à agressão russa e sublinhou a necessidade de “paz através da força”. O Presidente Zelensky tem defendido sistematicamente o aumento do apoio militar ocidental, afirmando que são necessários ataques mais profundos para impedir os ataques russos às cidades e infra-estruturas ucranianas.
A decisão dos EUA de autorizar a Ucrânia a utilizar o ATACMS seguiu-se a meses de hesitação devido ao receio de que pudesse provocar uma escalada dramática. Contudo, acontecimentos recentes sugerem que a administração Biden, juntamente com os aliados da NATO, está mais disposta a testar as “linhas vermelhas” da Rússia. O Secretário-Geral da NATO, Mark Rutte, apoiou esta posição, salientando a necessidade de impedir que a Rússia ganhe mais terreno e sublinhando a ameaça mais vasta que Moscovo representa para a segurança ocidental.
Riscos crescentes de escalada
O ataque suscita preocupações quanto a uma nova escalada. Moscovo considera os ataques em solo russo com armas ocidentais como um envolvimento direto do Ocidente na guerra. Funcionários russos e figuras dos meios de comunicação social estatais têm discutido abertamente potenciais ataques nucleares de retaliação contra nações ocidentais, em especial o Reino Unido e os Estados Unidos. Andrey Gurulev, um deputado russo e antigo general militar, alertou para a possibilidade de uma ação nuclear para demonstrar a determinação da Rússia, apontando especificamente o Reino Unido como um alvo potencial.
Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU, o representante da Rússia, Vasily Nebenzya, caracterizou a utilização de mísseis ocidentais na Rússia como “ataques suicidas” e instou as nações ocidentais a reconsiderarem o seu apoio. Entretanto, os meios de comunicação social russos controlados pelo Estado mantiveram uma posição belicosa, sugerindo que tanto Biden como Trump, se fossem novamente eleitos, evitariam envolver-se num confronto nuclear com a Rússia.
Exercícios militares da NATO e testes de arsenais ocidentais
Numa demonstração de força relacionada, a NATO está a realizar o seu maior exercício de artilharia de sempre a apenas 70 milhas da fronteira russa. A operação, organizada pela Finlândia, inclui 3.600 soldados de 28 países. Entre o armamento que está a ser testado encontra-se o novo sistema de artilharia Archer de 155 mm do exército britânico, que foi descrito como um “fator de mudança” devido ao seu alcance e precisão. Estes exercícios realçam o empenhamento do Ocidente em reforçar as capacidades de defesa da Ucrânia no meio do conflito em curso.
Importância estratégica do ATACMS e dos planos ofensivos da Ucrânia
O sistema ATACMS é particularmente valorizado pela sua capacidade de atingir alvos de elevado valor no interior dos territórios controlados pela Rússia. Tem várias variantes, incluindo as equipadas com centenas de pequenas bombas que podem cobrir grandes áreas, tornando-o eficaz contra instalações militares e formações de tropas. Esta nova capacidade poderia forçar as forças armadas russas a ajustar os seus destacamentos, alargando ainda mais os seus recursos.
Os defensores da autorização da utilização do ATACMS no interior da Rússia argumentam que isso obrigará Moscovo a afetar mais recursos à defesa do seu próprio território, ajudando assim o esforço de guerra mais vasto da Ucrânia. No entanto, os críticos alertam para o facto de os potenciais benefícios não valerem o risco de retaliação russa, o que poderia provocar uma escalada imprevisível do conflito.
Os desafios da Ucrânia e o caminho a seguir
A próxima fase do conflito parece depender do próximo ano, que Zelensky classificou como decisivo. O líder ucraniano declarou que 2025 poderá ser um ponto de viragem na guerra se o apoio militar e diplomático do Ocidente continuar. Este otimismo é atenuado pelo potencial regresso de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, uma vez que Trump sugeriu que acabaria rapidamente com o conflito, embora não tenha especificado como. Existe a preocupação de que um acordo de paz apressado possa envolver concessões territoriais à Rússia, o que ambas as partes estão atualmente a tentar evitar, ganhando o máximo de terreno possível.
A utilização de ATACMS poderia reforçar a posição da Ucrânia, particularmente em áreas contestadas como Kursk, onde Kiev conseguiu penetrar mas teve dificuldade em manter-se. Zelensky referiu-se a estas operações como prova de que a Ucrânia é capaz de desafiar os ganhos territoriais da Rússia, instando o Ocidente a manter e até a aumentar o seu apoio.
O jogo de longo prazo de Putin e as respostas ocidentais
A recente aprovação por Putin de uma doutrina nuclear actualizada sublinha a sua estratégia de utilizar o arsenal nuclear russo para dissuadir o envolvimento ocidental. Embora a Rússia se tenha anteriormente abstido de utilizar armas nucleares no conflito, a doutrina alarga agora as circunstâncias em que tal resposta poderia ser justificada, particularmente face à ajuda militar ocidental à Ucrânia.
Esta abordagem suscitou preocupações nas capitais ocidentais, levando a debates sobre até onde ir no apoio à Ucrânia sem desencadear um confronto direto com a Rússia. A decisão da administração Biden de fornecer mísseis ATACMS reflecte uma aposta calculada, apostando que os ganhos estratégicos para a Ucrânia compensam os riscos potenciais de uma escalada russa.
Conclusão
À medida que a guerra na Ucrânia atinge o seu milésimo dia, o conflito está a intensificar-se com o novo apoio do Ocidente e o aumento das ameaças russas. O recente ataque do ATACMS em solo russo assinala uma escalada significativa, testando os limites da assistência militar ocidental e a tolerância de Moscovo. Com a Ucrânia a insistir numa posição militar mais forte antes de eventuais negociações e a Rússia a dar sinais de uma maior vontade de considerar medidas drásticas, a próxima fase da guerra continua repleta de incertezas. O resultado pode muito bem depender da determinação continuada do Ocidente e da resposta da Rússia a incursões ucranianas mais profundas, tornando os próximos meses críticos para determinar a trajetória da guerra. Graças a Biden a Europa poderá estar à beira de uma guerra que tentou, a todos os custos, evitar.