Mundo/Médio Oriente: A POSSÍVEL INVASÃO DE ISRAEL AO LÍBANO PARA EXTREMINAÇÃO DOS TERRORRISTAS DO HEZBOLLAH PODE INICIAR A GUERRA TOTAL NA REGIÃO
O Médio Oriente está à beira de uma “guerra total”, alertou o Presidente dos EUA, Joe Biden, na sequência da escalada de tensões entre Israel e o Hezbollah. A possibilidade de uma invasão terrestre do Líbano por parte de Israel veio juntar-se aos receios crescentes de um conflito regional mais vasto. Ao discursar na Assembleia Geral da ONU, Biden manifestou a esperança de que ainda se possa chegar a um acordo de paz, embora a região continue volátil.
Nos últimos dias, a violência aumentou ao longo da fronteira entre Israel e o Líbano, com fortes trocas de tiros de foguetes entre o Hezbollah e as forças israelitas. O chefe das forças armadas israelitas, Herzi Halevi, instou as suas tropas a prepararem-se para uma invasão terrestre, assinalando um potencial agravamento do conflito. A declaração de Halevi de que os soldados israelitas poderiam entrar no Líbano segue-se a ataques aéreos contra alvos do Hezbollah, uma vez que Israel pretende enfraquecer as capacidades militares do grupo. O Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu declarou que o Hezbollah está a ser atingido com mais força do que nunca, enquanto as forças israelitas se preparam para uma possível nova escalada.
A ameaça de uma guerra mais vasta é grande, com dezenas de milhares de pessoas deslocadas tanto no Líbano como no norte de Israel. Só no Líbano, mais de 90.000 pessoas foram deslocadas, e a situação continua a ser terrível para os cerca de 10.000 cidadãos britânicos retidos no país. Enquanto o Reino Unido se esforça por criar planos de evacuação, muitos britânicos ficam retidos, com dificuldades em reservar voos para sair da zona de conflito.
Os jactos israelitas efectuaram numerosos ataques contra as posições do Hezbollah no sul do Líbano, tendo a NASA registado grandes incêndios na região. As trocas de foguetes entre Israel e o Hezbollah intensificaram-se desde 7 de outubro, quando rebentou a guerra de Gaza. Embora Israel tenha inicialmente declarado que não tinha planos imediatos para uma invasão terrestre, as recentes observações de Halevi sugerem que a situação pode mudar drasticamente.
O Hezbollah, um grupo militante apoiado pelo Irão, reivindicou a autoria de ataques com mísseis contra Telavive. É a primeira vez na história do Hezbollah que este grupo tem como alvo direto as cidades centrais de Israel. Embora o Hezbollah tenha declarado que o seu alvo era a sede da Mossad, Israel afirma que os mísseis se dirigiam a zonas civis.
Estão em curso esforços diplomáticos internacionais para desanuviar o conflito, com Joe Biden a reunir-se com o Presidente francês Emmanuel Macron para discutir propostas de cessar-fogo. Macron apelou a uma sessão de emergência do Conselho de Segurança da ONU, sublinhando que a guerra no Líbano deve ser evitada. O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, também alertou para o facto de que uma guerra total seria catastrófica para a região.
Apesar destes esforços, os dirigentes israelitas continuam cépticos quanto a uma solução diplomática. O porta-voz de Netanyahu, David Mencer, sublinhou que, apesar de Israel preferir a diplomacia, as conversações têm registado poucos progressos. Os ataques aéreos israelitas já causaram mais de 600 mortos no Líbano, segundo o Ministério da Saúde libanês, sendo muitas das vítimas civis, incluindo mulheres e crianças. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, declarou que o grupo está preparado para a guerra, embora afirme que não pretende uma nova escalada.
O Líbano está a enfrentar uma crise humanitária, exacerbada por um grande número de refugiados sírios que já tinham fugido do seu país devastado pela guerra. Com os ataques israelitas a atingirem todo o sul do Líbano, incluindo partes de Beirute, há uma preocupação crescente com as vítimas civis e a destruição de infra-estruturas vitais.
A Grã-Bretanha está a preparar-se para uma evacuação em grande escala dos seus cidadãos, com uma força militar de 700 homens pronta a ser enviada para a região, se necessário. A Operação Meteoric, o plano de evacuação do Ministério da Defesa britânico, poderá envolver comandos da Royal Marine que efectuam desembarques em praias do Líbano para resgatar cidadãos britânicos. No entanto, muitos cidadãos britânicos, incluindo famílias, têm relatado dificuldades em deixar o Líbano devido a voos cancelados e à situação caótica no terreno.
A acrescentar à complexidade do conflito está o envolvimento do Irão, que apoia militar e financeiramente o Hezbollah. O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, advertiu que o Médio Oriente está à beira de uma “catástrofe” e comprometeu-se a apoiar o Líbano, se necessário. Este facto suscitou preocupações de que o conflito pudesse atrair outras potências regionais, desestabilizando ainda mais uma situação já frágil.
Enquanto os combates prosseguem, Israel enfrenta o desafio de garantir a segurança dos 60.000 habitantes deslocados da sua fronteira norte. As forças armadas israelitas estão a preparar uma manobra destinada a restaurar a segurança e a permitir que os cidadãos regressem às suas casas, mas a situação continua imprevisível.
Como a violência não dá sinais de abrandar, os líderes internacionais estão a pressionar para um cessar-fogo, embora as perspectivas de paz permaneçam incertas. Enquanto os responsáveis norte-americanos e israelitas continuam a negociar, o risco de uma nova escalada lança uma sombra sobre a região.